Di Cavalcanti (Brasil, 1897-1976)
óleo sobre teça
Fatita de Matos, a amante infeliz
Na ampla sala de visitas de Fatita de Matos, Mana Fatita, como é mais conhecida, na Restinga do Lobito há cinco retratos a óleo, com um metro por 1,5 metro. Em todos eles Fatita de Matos está sentada no mesmo cadeirão de verga, quase em idêntica posição, com um livro no regaço. A primeira tela foi pintada em 1946. Fatita tem vinte anos, ainda é virgem, e está a ler Amor de perdição, de Camilo Castelo Branco. Na segunda tem trinta anos, quatro filhos ilegítimos, e está a ler Amor de perdição. Na terceira tem quarenta anos, veste de preto pela morte do filho mais novo, e está a ler Amor de perdição. Na quarta tela tem cinquenta anos, sete netos, e continua a ler Amor de perdição. Finalmente na quinta tela, tem sessenta anos, 12 netos, três bisnetos, e está a ler Cem anos de solidão, de Gabriel Garcia Márquez. Todas as telas são de sua autoria.
Em: As mulheres do meu pai, de José Eduardo Agualusa, Rio de Janeiro, Língua Geral: 2012, p.71
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